Fabricantes de pré-moldados vão movimentar R$ 4 bi
Depois de quase dois anos do início da explosão de lançamentos imobiliários residenciais, só agora a indústria de pré-moldados começa a sentir os efeitos do que vem sendo considerado no setor como o maior ciclo de crescimento na construção civil nas últimas décadas. Exatamente por quase não atuar no segmento residencial, as empresas desse setor não viveram o boom da construção civil no mesmo ritmo que seus concorrentes das obras tradicionais. Mas com o crescimento da economia se consolidando e muitas companhias expandindo seus negócios a toque de caixa, o setor está vivendo uma fase que é considerada como inédita por muitas companhias.De acordo com a Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), o setor como um todo registrou uma expansão de 15% nesse ano. Pelas estimativas da entidade, as empresas de pré-moldados movimentaram cerca de R$ 4 bilhões em 2007. O ritmo de crescimento, aposta a Abcic, deve se manter o mesmo no ano que vem.
Entre as principais empresas, no entanto, as previsões são bem mais otimistas. A Munte, líder do segmento em São Paulo e uma das três maiores produtoras do país, está ampliando a produção em 30% nesse ano e acredita que vai produzir mais 20% ou 30% no ano que vem. "O crescimento só começou mesmo nesse segundo semestre, mas acreditamos que veio para ficar", diz Paulo Sérgio Cordeiro, diretor-geral da Munte. "Este será o ano que ficará marcado como o divisor de águas para esse mercado", diz ele, que está produzindo 55 mil metros cúbicos de formas de concreto pré-moldado neste ano.
Na Cassol, a maior produtora do setor no Brasil, o otimismo é semelhante. Neste ano a produção da companhia que tem cinco fábricas no país deve chegar a 130 mil metros cúbicos, 20% a mais do que no ano passado. "A partir do segundo semestre o crescimento se consolidou, esse ano está especialmente bom", diz Aguinaldo Mafra, diretor comercial da companhia com sede no Paraná.
Assim como na Munte, os principais clientes da Cassol ainda são empresas que querem construir imóveis comerciais e industriais, como fábricas, centros de distribuição, hipermercados e toda a sorte de estruturas que precisam ser erguidas com rapidez e baixo custo. "Mas estamos estudando com cuidado a entrada no segmento residencial, em breve teremos soluções prontas para esse tipo de construção", afirma Mafra.
Ainda exceção no setor, as obras residenciais são feitas majoritariamente no Brasil por meio da construção tradicional, salvo nas empresas de baixa renda que estão investindo em tecnologias próprias de industrialização da produção de imóveis. Hoje, ainda, o que move esse setor são supermercados, universidades, fábricas e centros de distribuição. Por conta disso, o setor acredita que a explosão das incorporadoras residenciais teve algum impacto no setor, mas que o grande responsável pela expansão desse último semestre foi o aquecimento real da economia, que esse ano deve fechar com crescimento próximo de 5%.
"São esses setores da economia que ainda impulsionam o nosso mercado", diz Vitor Almeida, diretor comercial da cearense T&A, a maior empresa de pré-moldados da região Nordeste. A companhia vai ampliar a produção em 50% neste ano, chegando a 82 mil metros cúbicos. Por conta do mercado aquecido, a empresa inaugurou uma terceira fábrica nesse ano, dessa vez na Bahia. A T&A também tem unidades produtivas no Ceará e no Estado de Pernambuco. "Acreditamos que manteremos um ritmo de crescimento acelerado em 2008, o ano está terminando muito, muito bem", diz Almeida.
Yan Boechat
Fonte: Jornal Valor Econômico